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Março Lilás: Combate ao câncer de colo de útero e HPV

Ao longo do ano nos deparamos com diversas cores mensais que visam trazer a conscientização sobre diversos temas, a mais conhecida é setembro amarelo, que tem o intuito de prevenir o suicídio e abordar cuidados referentes a saúde mental. Março Lilás promove a conscientização sobre a prevenção do câncer do colo do útero, que é hoje, no Brasil, a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer.

Também conhecido como câncer cervical, sua causa se dá em mais de 90% das vezes devido ao vírus HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) que é considerado uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) contraído por meio de relações sexuais desprotegidas, no entanto, o uso de preservativo não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois, frequentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha: vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal.

Como surgiu a data?

Há dúvidas sobre quando começou a campanha do Março Lilás. Como em março há muitos anos é comemorado o Dia Internacional da Mulher, a hipótese é que se tornou um momento propício para abordar questões relacionadas à saúde feminina.

Por que foi escolhida a cor lilás?

Acredita-se que a cor lilás está relacionada ao movimento das sufragistas de 1908. Neste período as mulheres estavam buscando o direito ao voto e selecionaram as cores lilás, branco e verde como símbolo de sua campanha.

O simbolismo do lilás para o feminismo surgiu ainda na década de 1960. Sua composição é conseguida através da mistura da mesma medida das cores rosa e azul, que costumam ser adotadas como cores feminina e masculina pela sociedade. O branco simbolizava a pureza da luta feminina e o verde a esperança da vitória.

O que é câncer de colo de útero?

O colo do útero fica localizado na parte inferior do útero, localizado junto à cúpula da vagina. É por ele que os espermatozoides penetram e o sangue menstrual sai.

Região do colo do útero.
Região do colo do útero.
  • Ectocérvice: A parte externa em contato com o canal vaginalé revestida por um epitélio escamoso (semelhante ao da vagina) e pode dar origem ao câncer de células escamosas.
  • Endocérvice: O epitélio da parte interior ao colo de útero é diferente, e pode dar origem a outro tipo de câncer de colo de útero: o adenocarcinoma.

O tumor uterino acontece na maioria dos casos por lesões causadas pelo HPV (Abreviação em inglês para papilomavírus humano). É classifico em 4 graus de intensidade (em ordem crescente de agressividade).

  • Grau 1: câncer está restrito ao colo uterino.
  • Grau 2: vai além do colo uterino, mas não atinge a parede pélvica.
  • Grau 3: doença atinge a parede pélvica.
  • Grau 4: o câncer atinge outros órgãos, pode apresentar metástase.

Existem 3 tipos de câncer de colo de útero, dependendo do tipo celular que origina, são eles:

  • Carcinoma escamoso: Associado à infecção pelo HPV, é responsável por 70% a 80% dos casos de câncer no colo do útero. Ligado as células em contato com o canal vaginal.
  • Adenocarcinoma: Também associado ao HPV, corresponde a cerca de 20% dos casos. Se origina a partir das células do interior do útero.
  • Carcinoma adenoescamoso: tipo raro que mistura os dois tipos anteriores.

Causas

A principal causa do câncer de colo de útero é infecção pelo vírus HPV, que possui diversos subtipos. Outras causas estão relacionadas a atividade sexual com múltiplos parceiros, tabagismo, más condições de higiene, ser portadora do vírus HIV, sofrer infecção por clamídia, obesidade.

Sintomas

Os principais sintomas incluem sangramento vaginal anormal, sangramento e dor após a relação sexual, menstruação mais longa que o comum, dor abdominal, secreção vaginal anormal (acompanhada ou não de sangue), porém esses sintomas só aparecem em um estágio mais avançado da doença, as fases iniciais não costumam apresentar sinais, por isso é de suma importância realizar a prevenção, já que descoberto na fase inicial o câncer tem grandes chances de cura.

Prevenção

A melhor forma de se proteger é diminuir as fontes de transmissão, que se dá por via sexual. Uma das formas de precaução é a vacina contra o HPV distribuída gratuitamente pelo SUS, porém ela protege somente contra alguns subtipos da doença. É importante usar preservativo nas relações sexuais, mas também não é 100% eficaz, já que a transmissão também pode ocorrer através do contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal. O uso de preservativo interno é mais indicado, pois cobre também a vulva e evita mais eficazmente o contágio.

O exame preventivo Papanicolau ainda é o mais utilizado para fazer o diagnóstico, logo é essencial estar em dia com os exames de rotina. Além disso há outros exames mais sofisticados que detectam a presença de HPV, com coleta semelhante ao Papanicolau.

Tratamento

Em lesões pequenas pré-cancerosas é possível fazer cauterização na área ou criocirurgia

Em áreas lesionadas maiores, o médico pode optar por fazer a remoção cirúrgica da região contaminada.

Em casos da confirmação do câncer, o médico solicitará mais exames para verificar a extensão da doença e dependendo da gravidade poderá seguir com os seguintes tratamentos, de forma isolada ou combinada: radioterapia, braquiterapia, quimioterapia, terapia alvo, entre outros.

População trans e o câncer de colo no útero

A adesão aos métodos de prevenção do câncer cervical ainda enfrenta barreiras pela população de mulheres cis, sendo ainda mais acentuada na população masculina trans, deixando essa comunidade ainda mais vulnerável.

Muitos fatores levam a população trans a não procurar os serviços de saúde, segundo estudos, os principais motivos relatados são: abordagem inadequada dos profissionais, manejo e falta da relação paciente-profissional durante a consulta, desconforto do exame, disforia de gênero. É também mencionado a preferência de alguns usuários pela autocoleta.

Considerado um dos cânceres mais incidentes em pessoas que apresentam o aparelho sexual feminino, sendo, no entanto, prevenível e tratável quando com o rastreamento adequado, faz-se necessário uma atenção individualizada aos homens trans para evitar a sua marginalização e garantir sua inclusão efetiva no circuito do março lilás de prevenção ao câncer de colo de útero.

Excluídos os de tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres (INCA,2022). Sendo assim, reforçamos por meio do Março Lilás a necessidade de realizar a prevenção! E você, já fez os seus exames?

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