O dia mundial do combate ao câncer é lembrado no dia 08 de Abril como uma maneira de conscientizar e prevenir sobre essa doença que afeta milhares de pessoas no mundo. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, o câncer é a segunda doença que mais mata pessoas no mundo, principalmente em países de baixa e média renda.
O câncer acontece quando há um crescimento desordenado das células, que assim podem se infiltrar em tecidos próximos, formando tumores, e até mesmo atingir órgãos distantes (metástase). Isso acontece devido a uma mutação no DNA que faz com que a célula perca a instrução do seu crescimento adequado e se multiplique de maneira irregular.
O câncer pode surgir em qualquer região, mas alguns órgãos são mais afetados do que outros. Existem alguns tipos de câncer que afetam somente a população com mamas e aparelho reprodutor feminino, neste artigo falaremos mais sobre esses casos específicos.
Quais os tipos de câncer mais comuns em mulheres cis e homens trans?
No gráfico a seguir, temos o número da incidência primária do tumor em mulheres cis e homens trans, no Brasil, 2020. No gráfico do lado direito podemos verificar a taxa de mortalidade pelo câncer em 2019.
A seguir, abordaremos com mais profundidade os tipos de câncer mais comuns em mulheres cis e homens trans.
Câncer de mama
O câncer de mama acontece quando há a multiplicação desordenada das células mamárias, sendo o principal tipo de câncer que acomete mulheres e homens trans. Apenas 1% dos homens e mulheres trans apresentam esse tipo de problema.
Existem diferentes tipos de câncer de mama, na literatura especializada são listados mais de sete e são determinados de acordo com o tipo de célula que foi afetado. Segundo o Oncoguia*, os dois tipos mais encontrados são:
Carcinoma ductal in situ (DCIS): Representa cerca de 20% dos casos de câncer de mama. Apesar de ser maligno, fica restringido a uma única região e não faz metástase.
Câncer de mama invasivo: é aquele que já se disseminou pelos tecidos adjacentes. O carcinoma ductal invasivo representa entre 70 a 80% de todos os cânceres de mama.*
Sintomas**
Em geral, o principal sintoma é a presença de um nódulo fixo e geralmente indolor na região da mama, mas há outros sintomas que podem se manifestar:
- Nódulo nas axilas ou no pescoço;
- Dor ou inversão do mamilo;
- Inchaço em parte da mama semelhante a casca de laranja;
- Vermelhidão ou descamação do mamilo ou na pele da mama;
- Irregularidades ou retração nas mamas;
- Saída de secreção pelo mamilo, particularmente se for sanguinolenta ou translúcida.
**Fonte: Centro de Oncologia
Fatores de risco (Causas)
- Genética;
- Alcoolismo;
- Obesidade;
- Uso de hormônios;
- Tabagismo.
Tratamento
O tratamento irá depender do estágio em que se encontra a doença e há uma busca da medicina em tratar o problema com métodos menos mutilantes. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) os tipos de tratamento podem ser divididos em:
Tratamento local: cirurgia e radioterapia (além de reconstrução mamária);
Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.
Prevenção
A melhor prevenção é levar uma vida saudável e manter os exames de rotina sempre em dia. Quanto antes a doença for detectada, maiores as chances de se curar. Os exames para detecção incluem:
- Mamografia/Ultrassonografia;
- Ressonância Nuclear Magnética;
- Biópsia
- Autoexame é importante, porém não substitui o exame clínico.
Câncer de cólon e reto
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, o câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e ânus. Como os outros cânceres, acontece com o crescimento desordenado de células. Normalmente atinge pessoas de ambos os sexos a partir dos 50 anos de idade.
Sintomas
Nos estágios iniciais o câncer não costuma apresentar sinais e sintomas. Com o avanço da doença, já é possível detectar alguns sinais. De acordo com informações da Pfizer, os sintomas podem ser definidos como:
- Mudança injustificada de hábito intestinal;
- Diarreia ou prisão de ventre recorrentes;
- Sangue nas fezes (pode ser de coloração clara ou escura);
- Evacuações dolorosas;
- Afinamento das fezes;
- Constante flatulência (gases);
- Desconforto gástrico;
- Sensação de constipação intestinal;
- Perda injustificada de peso;
- Cansaço constante.
Fatores de risco (Causas)
- Tabagismo;
- Obesidade;
- Má alimentação;
- Constipação intestinal;
- Pólipos;
- Histórico familiar;
- Doenças inflamatórias;
- Doenças hereditárias.
Tratamento
O tratamento irá depender do tamanho, da localização e da propagação. Existe o tratamento local que atua somente na área lesionada, como cirurgia, radioterapia, ablação (geralmente é realizado através da pele utilizando uma agulha, guiada por ultrassom ou tomografia computadorizada) e embolização (injeção de substâncias diretamente em uma artéria para obstruir ou diminuir o fluxo sanguíneo que chega às células cancerígenas. A embolização é uma opção para pacientes cujos tumores não podem ser removidos cirurgicamente). São mais utilizados em estados iniciais.
Também pode ter um tratamento sistêmico, o câncer colorretal pode ser tratado com medicamentos que são administrados por via oral ou diretamente na corrente sanguínea e podem atingir células em qualquer lugar do corpo. Exemplos de terapias são quimioterapia, terapia-alvo ou imunoterapia. Ambos os tratamentos podem ser combinados.
Prevenção
A principal forma de prevenção é o seu rastreamento por exames como colonoscopia, visando a detecção e retirada de pólipos (crescimento de tecido a partir da parede de um espaço vazio, como o intestino) antes de se degenerarem em câncer. Infelizmente, ainda há um pouco de resistência por parte da população para se submeter a uma colonoscopia.
Câncer de colo de útero
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos). No Brasil, ele é hoje a quarta maior causa de morte de mulheres cis e homens trans por câncer.
Sintomas
Pessoas em estágio inicial da doença não apresentam sintomas. Quando acontece, os casos mais relatados são:
- Sangramento vaginal anormal;
- Sangramento menstrual mais prolongado que o habitual;
- Secreção vaginal incomum, com um pouco de sangue;
- Sangramento após a menopausa;
- Sangramento após a relação sexual;
- Dor durante a relação sexual;
- Dor na região pélvica.
Pode haver também:
- Inchaço das pernas.
- Problemas ao urinar ou evacuar.
- Sangue na urina.
Fatores de risco (Causas)
Em mais de 90% dos casos, a principal causa é a infecção pelo HPV, mas existem outros fatores de risco, como:
- Tabagismo;
- Multiplicidade de parceiros sexuais;
- Iniciação sexual precoce;
- Uso de contraceptivos orais.
Tratamento
Nos estágios iniciais do câncer, o tratamento ocorre por métodos mais conservadores, como:
Conização: um pedaço em formato de cone é retirado do órgão para a realização de uma biópsia;
Traquelectomia radical: remoção do colo de útero.
Para casos mais avançados a recomendação é o tratamento combinado de radioterapia com quimioterapia, e posterior braquiterapia (radioterapia interna).
Prevenção
A principal forma de prevenção é a vacina contra o HPV e realizar exames ginecológicos de prevenção regularmente.
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