O mês de agosto é marcado por duas datas importantes para o movimento lésbico, o dia do orgulho lésbico (19/08) e o dia da visibilidade lésbica (29/08). Embora tenham um propósito parecido, fazem referência a duas celebrações diferentes.
Ambas as datas visam trazer a conscientização sobre o tema com o intuito de buscar mais direitos para essa comunidade que ainda luta para combater inúmeros preconceitos.
Com uma simples pesquisa de volume de buscas mais realizadas no Google podemos já vislumbrar o preconceito existente contra essa comunidade. Ao identificar as pesquisas mais buscadas com o termo ‘lésbica’ os 10 primeiros resultados mais clicados são referentes a pornografia lésbica, promovendo o sexismo e a objetificação da mulher. A seguir, você conhecerá tudo sobre a visibilidade lésbica e entenderá porque a data é tão necessária.
Quem é lésbica?
A primeira letra da sigla LGBT+ faz referência ao L de lésbicas. Ela designa pessoas que se identificam com o gênero feminino que se sentem atraídas por pessoas que também são do gênero feminino. Mulheres cis e trans podem ser lésbicas.
A origem da palavra pode ser encontrada na Grécia Antiga. A primeira pessoa que se sabe na história que escreveu sobre o amor e sexo entre duas mulheres foi a poetisa Safo, nascida em 630 AEC, que vivia na ilha de Lesbos (Grécia). Os moradores da ilha de Lesbos eram conhecidos como lesbius (Latim) que originou a palavra ‘lésbica’.
O comportamento de Safo foi designado como lesbianidade ou safismo. Atualmente, o termo mais adequado para se referir a mulheres que se relacionam com mulheres é homossexualidade.
No cotidiano há expressões que reforçam a discriminação, como ‘sapatão’ e ‘fanchona’. Estes termos podem ser utilizados apenas por pessoas da própria comunidade, uma pessoa de fora que utiliza de forma pejorativa já pode ser enquadrada dentro da lesbofobia, ou seja, o preconceito contra mulheres lésbicas.
Dia da visibilidade lésbica: como surgiu?
O dia da visibilidade lésbica surgiu em 29 de agosto de 1996 no 1º Seminário Nacional de Lésbicas. O evento tinha o intuito de discutir sobre direitos, dignidade, visibilidade, acesso a saúde, liberdade de expressão da sexualidade em prol da comunidade lésbica.
Apesar de ter passado mais de 25 anos da data do primeiro evento, a luta pelo combate ao preconceito ainda permanece, pois, as lésbicas, além de enfrentarem discriminação contra a sua orientação sexual, sofrem com o agravante de lidarem com a misoginia. Isso afeta ainda mais mulheres pretas e pobres, que estão mais sujeitas a violência.
Orgulho lésbico: qual é a diferença?
O dia do orgulho lésbico é outra data que objetiva trazer visibilidade ao movimento. Ele faz referência a primeira manifestação lésbica que ocorreu no Brasil, em 19 de agosto de 1983, conhecida como o ‘Stonewall Brasileiro’.
🌈Conheça a história do Stonewall, leia também: O que significa a sigla LGBTQIAPN+
O Brasil estava em época de ditadura militar e as integrantes do Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) fizeram um protesto no Ferro’s Bar (SP) revogando mais atenção aos direitos das mulheres, principalmente as lésbicas.
Na época, elas foram impedidas de divulgar o seu zine ChanacomChana no estabelecimento, além de serem expulsas diversas vezes do bar. Descontente com essa situação, em 1983, Rosely Roth liderou a primeira grande manifestação de ativistas lésbicas do Brasil.
O que as lésbicas buscam?
Em décadas de luta, alguns avanços foram conquistados em prol da equidade lésbica, dentre eles podemos citar:
- Possibilidade no casamento do civil de mulheres lésbicas
- Amparo da Lei Maria da Penha
- Criminalização da homofobia
- Direito à adoção
Porém, apesar dos avanços, ainda há muito a ser conquistado. O machismo, a violência, o preconceito, a dificuldade de acesso à saúde adequada, à obtenção de estatísticas reais sobre violências contra lésbicas, são apenas alguns dos pontos que ainda carecem de mais políticas públicas.
No Brasil, de acordo com o IBGE, cerca de 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se sentem confortáveis para se declarar lésbicas, gays ou bissexuais. Este senso pode estar carente de informações reais, já que pessoas com orientação sexual diferente da heteronormatividade podem não ter declarado a sua verdadeira orientação.
Além destes dados, foi realizada uma pesquisa com 800 pessoas autodeclaradas lésbicas, que gerou um relatório que trouxe alguns dados preocupantes, como mostrado no Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil.
Visibilidade lésbica na saúde sexual
O Vulvallux é muito mais do que LEDterapia, é uma marca sobre saúde e autocuidado íntimo, assim é de suma importância falarmos sobre a saúde sexual das lésbicas.
Quando se trata de educação sexual, desde a escola é apenas mostrado métodos preventivos baseados na heteronormatividade. Os próprios profissionais da saúde muitas vezes estão despreparados para lidar com mulheres que mantêm relações homossexuais, e não se atentam a orientar sobre ISTs e exames preventivos. Deste modo, há uma grande lacuna quanto aos cuidados específicos para as necessidades das mulheres que fazem sexo com mulheres (MSM).
A falta de orientação pode tornar a comunidade lésbica mais suscetível a contrair HIV e outras ISTs, pois não é reforçado a necessidade de prevenção.
🌈Leia também: Dia Internacional do Orgulho LGBT+
Além das questões de saúde sexual, deve-se considerar a saúde mental da população lésbica, que devido a inúmeros tipos de violência podem ter quadros agravados de ansiedade, depressão e outros fatores, principalmente devido a relações familiares conturbadas, violação de direitos, preconceito e falta de perspectivas.