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Abraços que curam: como afeto e autocuidado transformam a saúde íntima

Muitos pacientes com vulva relatam que evitam buscar ajuda por vergonha ou medo de julgamento — nesse contexto, a rede de apoio, especialmente um amigo, pode funcionar como uma ponte entre o sofrimento e o cuidado clínico para a saúde íntima.

Pesquisas indicam que a maioria das mulheres já discute sexo e relacionamentos com amigas – um estudo com jovens adultas revelou que 92% delas receberam insights ou conselhos sobre sexualidade de seus amigos. 

Essa abertura traz benefícios claros: mulheres que percebem suas amigas como solidárias e sem julgamentos tendem a ter maior autoestima sexual e confiança para lidar com problemas íntimos. Ou seja, uma conversa franca com uma amiga pode empoderar a pessoa a buscar soluções – seja aprendendo técnicas para melhorar o conforto sexual, seja tomando coragem para procurar um especialista.

Saúde íntima: o papel protetor da amizade

Entre adolescentes, por exemplo, pesquisadores descobriram que eles preferem fontes informais e se sentem mais à vontade buscando ajuda com melhores amigos ou familiares do que com profissionais. 

Mas, não são apenas os mais jovens que se beneficiam desse apoio. Em todas as faixas etárias e orientações sexuais, a amizade desempenha um papel protetor. 

Para adultos, amigos de confiança podem funcionar como “primeiro socorro” emocional: em casos de disfunções sexuais, muitas pessoas procuram conselhos inicialmente no círculo de amigos íntimos antes de recorrer ao médico. 

Essa rede de apoio informal é especialmente importante para grupos que enfrentam tabus adicionais – como pessoas LGBTQIA+ –, que às vezes contam mais com os amigos (a “família escolhida”) do que com familiares para ter um espaço seguro de diálogo sobre saúde sexual.

Em casos de dispaurenia (dor na relação sexual)

Fonte: RIBEIRO, Jéssica Nunes; VALLE, Patrícia Alexandra dos Santos Schettert do. Disfunção sexual feminina: percepção e impacto na qualidade de vida. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, v. 27, n. 2, p. 33-40, 2016. Disponível em: <https://www.rbsh.org.br/revista_sbrash/article/download/109/82>. Acesso em: 19 maio 2025.

Vale ressaltar, contudo, que nem todos têm essa abertura. Um levantamento brasileiro mostrou que, dentre as mulheres que sentiam dor na relação (dispareunia), apenas 3,3% buscaram a ajuda de amigas, enquanto 66,6% procuraram orientação médica e cerca de 26% não buscaram ajuda alguma. 

Esses números sugerem que muitas sofrem sozinhas, seja por não terem com quem conversar, seja por acreditarem que dor e ressecamento vaginal “fazem parte” e devem aguentar. 

É aí que a amizade pode transformar vidas: amigos próximos, muitas vezes, funcionam como uma ponte entre o problema e a decisão de buscar ajuda especializada — e reconhecer esse papel pode ser decisivo na orientação clínica. 

Isso é crucial porque, infelizmente, várias mulheres já relataram que suas queixas de dor ou vaginismo foram desacreditadas por profissionais de saúde, recebendo conselhos genéricos para “relaxar” em vez de um diagnóstico adequado. 

Nesses casos, o amigo funciona como um aliado que reforça que o problema é real e merece cuidado, ajudando a pessoa a perseverar até encontrar o tratamento correto.

Inovação terapêutica: a fotobiomodulação na saúde íntima (LEDterapia)

Além do suporte dos amigos, quem enfrenta problemas íntimos hoje encontra esperança em novas tecnologias terapêuticas não invasivas. Uma das mais promissoras é a fotobiomodulação com LED, conhecida popularmente como LEDterapia. Mas, o que isso significa? 

Em linguagem simples, trata-se de uma terapia com luz de baixa intensidade (vermelha ou infravermelha) capaz de estimular as células e promover a cura dos tecidos, sem dor e sem efeitos colaterais significativos. 

Essa técnica, também chamada de terapia laser de baixa potência ou Low-Level Light Therapy (LLLT), já é usada há décadas em diversas áreas da saúde – da dermatologia (por exemplo, para cicatrização de pele) à neurologia (para melhorar funções cerebrais). 

Seu princípio de funcionamento é aumentar a atividade das mitocôndrias (organelas celulares responsáveis pela produção de energia, o ATP, através da respiração celular) por meio da luz, o que potencializa a regeneração e reduz processos inflamatórios.

Segura e indolor

A fotobiomodulação chamou a atenção de ginecologistas e fisioterapeutas pélvicos. Aplicar luz de LEDs na região vulvovaginal pode soar inusitado, mas faz todo sentido quando entendemos os seus efeitos: a luz vermelha/infravermelha aumenta a circulação sanguínea local, estimula a produção de colágeno e elastina (proteínas que dão elasticidade e firmeza aos tecidos) e favorece a cicatrização. Uma área mais vascularizada e com tecidos mais saudáveis tende a ter melhor lubrificação natural, menos atrofia e até melhora na sensibilidade. 

Pesquisas recentes confirmam esses benefícios. Por exemplo, um estudo publicado em 2018 com mulheres pós-menopausa testou um dispositivo de LEDs intravaginais durante seis semanas e observou melhora significativa na saúde do tecido vaginal, incluindo índices de lubrificação e redução de dor, comparado ao início do tratamento. Os autores concluíram que a terapia com LEDs é viável, segura e eficaz para aliviar sintomas da secura vaginal e atrofia genital da menopausa. Em outras palavras, essa pode ser uma alternativa confiável aos tratamentos hormonais ou procedimentos invasivos, especialmente para quem não pode ou não quer usar estrógenos.

Fotobiomodulação para dor miofascial no assoalho pélvico

O leque de aplicações da fotobiomodulação íntima vai além do ressecamento vaginal. Estudos preliminares exploram seu uso em casos de dor pélvica e disfunções do assoalho pélvico. 

Um ensaio clínico randomizado conduzido no Brasil investigou mulheres com dor miofascial no assoalho pélvico – uma condição associada a vaginismo, dispareunia e outros sintomas urinários/intestinais – comparando alongamento vaginal isolado versus alongamento combinado com fotobiomodulação. 

Os resultados foram animadores: a função sexual melhorou significativamente com a adição da terapia de luz, sugerindo que ela ajuda a relaxar a musculatura tensa e aliviar a dor crônica. 

Fotobiomodulação para incontinência urinária de esforço

Outro estudo, focado em mulheres pós-parto com incontinência urinária de esforço (perda de urina ao tossir/espirrar) e insatisfação sexual, integrou a fotobiomodulação a um protocolo de exercícios de fortalecimento vaginal. 

Novamente, houve ganhos claros: redução estatisticamente significativa dos episódios de incontinência e melhora na força do assoalho pélvico e na qualidade da vida sexual dessas mulheres. 

Esses achados são promissores, pois indicam que a luz terapêutica pode atuar em múltiplas frentes – desde melhorar a lubrificação e elasticidade vaginal até auxiliar na recuperação muscular após o parto ou em tratamentos de dor e outras disfunções sexuais. 

Importante frisar que tudo isso de forma não invasiva, indolor e sem necessidade de internação ou procedimentos cirúrgicos.

Vulvallux: melhorando a saúde íntima no conforto de casa

O Vulvallux consiste em uma placa de fotobiomodulação flexível feita para ser aplicada sobre a vulva, cobrindo toda a região genital externa. 

Em uma sessão típica de apenas 10 minutos diários, ele emite luz vermelha (660 nm) e infravermelha (850 nm) por meio de 48 pequenos LEDs. Essa luz penetra de forma suave nos tecidos, promovendo hidratação e lubrificação vaginal ao estimular diretamente a produção de colágeno e elastina, além de favorecer a neovascularização (formação de novos vasos sanguíneos), vasodilatação e cicatrização de microfissuras na mucosa. 

Do ponto de vista histológico, observa-se melhora na espessura e irrigação dos tecidos vaginais, o que se reflete no alívio de sintomas como ressecamento e desconforto nas relações sexuais.

Seguro e sem efeitos adversos

Do ponto de vista da segurança, a fotobiomodulação já demonstrou um perfil de efeitos adversos mínimo

Diferentemente de lasers ablativos usados em alguns tratamentos ginecológicos (que causam microlesões controladas no tecido), os LEDs do Vulvallux não queimam nem machucam – eles funcionam em baixa potência justamente para bioestimulação, não para destruição celular. 

Estudos clínicos não reportam complicações relevantes; ao contrário, enfatizam a boa tolerabilidade e aceitação das pacientes, com muitas relatando melhora dos sintomas e nenhuma dor durante as aplicações. 

A única contraindicação listada para o uso do Vulvallux são condições de fotossensibilidade (pessoas com alguma doença de pele ou em uso de medicações que tornam a pele extremamente sensível à luz), mas isso é semelhante às precauções de qualquer tratamento com luz. 

Conclusão: um abraço que cuida da saúde íntima

Cuidar da saúde íntima envolve mais do que tratar órgãos ou hormônios – envolve cuidar da autoestima, dos relacionamentos e da qualidade de vida. Nesse sentido, amizade e tecnologia caminham lado a lado como aliadas.

Se seu paciente com vulva enfrenta dificuldades íntimas, compartilhe com ele que é importante também conversar com um amigo de confiança – este é um dos primeiros passos para quebrar tabus e buscar caminhos. 

E saiba que a medicina evoluiu: hoje podemos contar com recursos como o Vulvallux e a LEDterapia, respaldados por estudos científicos, para devolver o conforto e o prazer de uma vida íntima saudável.

Com apoio emocional e acesso a tratamentos seguros, como a fotobiomodulação, observa-se maior adesão aos protocolos e melhora significativa na qualidade de vida. Afinal, promover a saúde íntima é incentivar o vínculo do paciente com o próprio corpo.

Referências bibliográficas

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