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Visibilidade trans: tudo o que você precisa saber

O Dia Nacional da Visibilidade Trans é comemorado no Brasil em 29 de janeiro, desde o ano de 2004. Essa data tem como objetivo dar visibilidade e conscientizar a população sobre a realidade e os direitos das pessoas transgênero no país.

Nessa data, ativistas transgêneros lançaram a campanha “Travesti e Respeito” no Congresso Nacional. O ato ocorreu em parceria com o Ministério da Saúde, que, na época, buscava promover o cuidado contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Assim foi instituído o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Pessoas transgêneros podem querer fazer modificações na expressão de gênero em seus corpos, mas nem todas buscam por isso, o que não torna a pessoa menos trans. Neste artigo conheceremos mais sobre a história, definições, e lutas dessa comunidade, fazendo jus a data e proporcionando a visibilidade trans.

Transgêneros na história

A transgeneridade foi vista de diferentes maneiras no decorrer da história, nas diversas culturas e sociedades do mundo. Há relatos que desde a Antiguidade, textos sumérios e acádios relatavam a presença de pessoas trans. 

Mesmo com a sua identificação ao longo da história, a identidade trans ainda é desconhecida e pouco validada por grande parte da população e, quando identificada, costuma estar associada às mulheres trans e travestis.

A primeira cirurgia genital relatada no mundo ocidental data de 1931 e foi realizada em Lili Elbe (conhecida no filme Garota Dinamarquesa), pelo Instituto Hirschfeld de Ciência Sexual, de Viena.

No Brasil, a primeira cirurgia genital de redesignação sexual foi realizada em 1971, em São Paulo, por Roberto Farina, e, apesar de consentida pela paciente Waldirene Nogueira, resultou na condenação do médico. Apenas em 1997 o CFM (Conselho Federal de Medicina) regulamentou o procedimento, em caráter experimental, nos hospitais universitários.

Somente em 2018 a OMS (Organização Mundial de Saúde) retirou a transexualidade da categoria de transtornos mentais para integrar o de “condições relacionadas à saúde sexual” e é classificada como “incongruência de gênero”.

Como se pode observar, os avanços em busca dos direitos e visibilidade trans ainda é recente em relação a outras pautas, e por isso, muito ainda deve ser buscado em prol dessa comunidade.

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Mulheres trans e travestis

Mulheres transexuais são aquelas que foram atribuídas ao sexo e gênero masculinos ao nascimento a partir do reconhecimento do genital. Travesti é uma identidade própria dos países da América Latina, Espanha e Portugal, com uma construção histórica importante no Brasil.

Por muito tempo, a mulher transexual era definida como aquela que tinha aversão aos seus genitais e desejava modificá-los, enquanto as travestis seriam pessoas transfemininas que não desejavam essa cirurgia, hoje já se contesta essa definição.

Mulheres transexuais e travestis têm vivências do universo feminino na vida social, familiar, cultural e interpessoal reivindicando essa identidade e expressão para si.

Processo de transição de gênero

Para se adequar às características do gênero feminino, algumas mulheres trans podem optar por realizar algumas modificações corporais:

  • Ocultação do pênis e testículos: trata-se do ato de esconder o pênis e os testículos, realizado por algumas mulheres transexuais, travestis e pessoas não binárias.
  • Depilação a laser e eletrólise: a depilação definitiva na região genital é considerada um pré-requisito para a realização da neovagina.
  • Uso de silicone líquido industrial: em travestis e mulheres transexuais, a urgência por procedimentos de modificação corporal leva, muitas vezes, a aplicação do silicone líquido industrial, apesar de inadequado para uso biológico.
  • Hormonização: para se adequar às características do gênero feminino, pessoas transfemininas podem utilizar hormônios para adquirir características secundárias, como promover o crescimento dos tecidos mamários, redistribuição da gordura corporal para uma configuração típica das mulheres, diminuição dos pelos corporais, entre outras mudanças.
  • Redesignação sexual: consiste na retirada interna do pênis para a criação de uma neovagina. 
  • Outras cirurgias: lipoescultura, retirada do pomo de adão, contorno facial,implante de próteses mamárias, etc. são apenas alguns dos procedimentos cirúrgicos que as pessoas trans podem realizar para adquirir características mais femininas. 

Homens trans

Homens trans são aquelas pessoas designadas como sendo do sexo feminino ao nascimento, baseando-se na genitália e/ou órgãos reprodutivos e/ou cariótipo e que têm identidade de gênero masculina.

A possibilidade da identidade de gênero trans masculina ainda é desconhecida por muitas pessoas, por isso, frequentemente, homens trans se identificam para a sociedade inicialmente como mulheres lésbicas, até a percepção da diversidade de gênero.

Alguns homens trans podem optar por fazer modificações corporais para se adequar a características do gênero masculino, outros podem usar acessórios.

Processo de transição de gênero

  • Transição social: compreendida pela mudança na forma de se identificar socialmente em relação ao gênero. Pode incluir, além do uso do nome social, mudanças nas roupas e no aspecto físico sem a intervenção com hormônios e cirurgias.
  • Uso de Packers: São próteses penianas. Um dos objetivos é dar volume na região da genitália. Alguns proporcionam a micção em pé e até podem ter mecanismos de bombeamento que geram uma ereção.
  • Blinders: São faixas elásticas que, colocadas em torno do tórax, têm o objetivo de diminuir o volume das mamas.
  • Terapia hormonal: Para adquirir características consideradas masculinas, homens trans e pessoas não binárias podem recorrer ao uso de testosterona. O uso de testosterona acarreta diversas mudanças físicas, como aumento dos pelos corporais, ganho de musculatura e engrossamento da voz, e afeta também o campo da sexualidade (aumentando a libido).
  • Cirurgias: As cirurgias para homens trans incluem a cirurgia para redesignação sexual, mamoplastia masculinizadora, remoção do útero, remoção das trompas, cirurgias faciais masculinizadoras, lipoescultura.

🏳️‍🌈 Leia também: Como a atrofia vaginal afeta homens trans

Situações de violência contra pessoas trans que devem ser combatidas

Um dos principais objetivos ao divulgar a visibilidade trans é combater a violência e a discriminação. A seguir, confira as principais situações de violência que a comunidade trans, infelizmente, ainda é submetida. Os números gritantes mostram a necessidade urgente de proteção e políticas públicas para proteger essa comunidade.

Em relatório divulgado pela Antra, Associação Nacional de Travestis e Transexuais, o Brasil continua sendo campeão de desrespeito e violência com pessoas trans. Pelo décimo quarto ano seguido, somos o país que mais mata pessoas destes gêneros no mundo.

Tais situações de violência podem criar ou agravar quadros de transtornos mentais, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), síndromes depressivas e ansiosas, autolesão não suicidas (ALNS) e pode levar até mesmo ao suicídio.

Bullying

A incidência de bullying entre pessoas trans é bastante elevada. Estudo realizado em 2019 demonstrou que 46,2% das pessoas trans já sofreram algum tipo de bullying, sendo: 63,3% por sua aparência física, 46,4% por sua expressão de gênero e 28,4% por sua orientação sexual.

Violência doméstica

Pessoas trans vivem experiências de violência em diversos ambientes no decorrer de suas vidas, desde a escola, trabalho, na rua e no núcleo familiar. Uma metanálise com 49.966 pessoas transgênero observou 37,5% de prevalência na vida em relação à de violência física e 25% da de sexual.

Violência sexual

Levantamento do US transgender em 2015 demonstrou que 47% dos entrevistados sofreram violência sexual ao longo da vida, aumentando para 53% entre as pessoas trans negras.

Homens trans são alvo frequente do chamado estupro corretivo, abuso sexual realizado com o discurso da correção da identidade de gênero.

Violência policial e privação de liberdade

Megaoperações, ‘blitzes’, operações de ‘limpeza’ e arrastões eram cenas comuns nos anos 1960 contra as travestis, frequentemente validados pelo ‘combate à vadiagem e prostituição’. Mesmo quando vítimas, é comum as travestis serem transformadas agressoras, o que as faz deixar de denunciar situações de violência.

Estresse de minorias

O estresse de minorias se refere aos níveis cronicamente altos de estresse enfrentados por pessoas de grupos minoritários estigmatizados. Estressores sociais direcionados à população trans são: vitimização por gênero, rejeição por gênero, discriminação por gênero e não confirmação de identidade.

Transfobia internalizada

Segundo estudo, caracteriza-se pela culpa e baixa autoestima resultantes de vitimização, rejeição e discriminação relacionadas ao gênero, levando a uma autoavaliação negativa de ser transgênero e, por fim, a autoaversão.

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Como o Vulvallux pode ajudar pessoas transgêneros?

O Vulvallux é uma manta de LEDterapia íntima que tem diversos benefícios para a região genital. Para pessoas trans, é um aliado a mais durante o processo de transformação. Confira como ele pode ajudar nestes casos:

  • Redesignação sexual: após o operatório, o Vulvallux pode ajudar na redução da dor, agir como um poderoso anti-inflamatório, ajudar na cicatrização, promover o aumento de colágeno e melhorar a vasocirculação, dificultando o surgimento de infecções. 
  • Terapia hormonal com testosterona: a testosterona causa ressecamento vaginal, o que é um processo incômodo para homens trans. O Vulvallux irá ajudar promovendo o aumento da lubrificação vaginal. 
  • Aquendar: também conhecido como tucking, é uma prática usada entre as travestis, cross dressers, drag queens e mulheres trans para esconder o órgão genital. Após o processo, podem surgir dores nos testículos, irritação de pele e lacerações. O Vulvallux pode auxiliar promovendo redução da dor, cicatrização e regeneração do tecido.

🏳️‍🌈 Leia também: Como realizar o acolhimento de pessoas LGBT+ na saúde?

A importância do dia da visibilidade trans vai além dessa data em si, pois é um lembrete para garantir que a visibilidade e o respeito aos direitos da comunidade transgênero sejam uma realidade todos os dias do ano.

Referência

CIASCA, S. V.; HERCOWITZ, A.; JUNIOR, A. L. Saúde LGBTQIA+: Práticas de cuidado transdisciplinar. 1ª edição. São Paulo: Editora Manole, 2022.

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