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Dia Internacional do Orgulho LGBT+

Jimmy caminhava pela noite escura, se esgueirando pelas ruas da cidade de Manhattan, o medo causou um arrepio pela sua espinha, ao cruzar a esquina onde havia sido espancado por três policiais. Por sorte escapara com vida, mas a leve dor que tinha em seu peito devido a costela quebrada o mantinha alerta para os perigos que ele ainda corria. Não estava a salvo em nenhum lugar, suspirou fundo ao pensar.

Ao longe ouviu um mendigo gritar “bicha” enquanto passou, o que fez Jimmy se encolher ainda mais, acuado, mas em alguns minutos de caminhada, sorriu, já avistava suas amigas em frente ao Stonewall, o bar que era o seu refúgio e de seu parceiro, Dean.

Antes que pudesse entrar, o barulho da sirene policial alertou os seus ouvidos. ‘Droga’, pensou ele baixinho, mais uma batida policial acabaria com a noite, ‘tomara que Dean não seja preso’.

O medo, amigo tão frequente e incômodo da sua condição, se fez presente mais uma vez e ele teve o impulso de sacar um cigarro para conter a ansiedade, mas abaixou ainda mais o rosto e se manteve alerta a qualquer movimento que pudesse gerar atritos.

Naquela madrugada de 1969, Jimmy, Dean, e muitos outros, presenciariam um dia que mudaria para sempre as suas vidas…No dia 28 de junho é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBT+. A história de Jimmy, embora seja uma ficção, é a realidade que os membros da comunidade LGBT+ enfrentavam na década de 60, e que infelizmente, apesar de muitos avanços em prol dos direitos humanos e combate ao preconceito, ainda persiste até os dias de hoje. Mudar esse cenário é nossa responsabilidade, buscando uma sociedade mais justa e igualitária. Vamos conferir o que aconteceu na história de Jimmy. 

Como surgiu o dia internacional do orgulho LGBT+? 🏳️‍🌈

Rebelião de Stonewall - dia internacional do orgulho lgbt+
Foto real da rebelião de Stonewall, 1969

No dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBT+ devido aos acontecimentos que ocorreram em 1969 em Stonewall, no bairro de Greenwich Village, em Nova York.

Em 1969 as relações entre pessoas do mesmo sexo eram consideradas crimes (legislação que vigora até hoje em alguns países) e o Stonewall Inn era um dos bares gays mais conhecidos de Nova York, um verdadeiro refúgio a essa população que era marginalizada.

Todos os bares que abrigavam a população LGBT+ eram constantes vítimas de batidas policiais, que terminavam em prisões para os seus frequentadores, abusos e violência de toda espécie contra os integrantes da comunidade.

Na madrugada do dia 28 de junho, o Stonewall foi invadido pela terceira vez, e novamente culminou em frequentadores presos e agredidos. No entanto, naquele dia, os frequentadores, dentre eles travestis e drag queens, resolveram reagir aos ataques, e após muitos conflitos, foram às ruas de Greenwich Village para protestar contra os abusos de que eram alvos. As manifestações duraram seis dias, trazendo ao debate público os direitos da comunidade LGBT+.

Após o episódio de Stonewall, moradores gays de Greenwich Village criaram diferentes grupos de ativismo para construir espaços seguros para a comunidade. Assim, em 28 de junho de 1970, as primeiras marchas do orgulho gay aconteceram em cidades como Nova York e Los Angeles. Nos anos seguintes, outras cidades organizaram passeatas, fazendo desta data um dia de reivindicação desta população perseguida.

Como surgiu a bandeira LGBT+? 🏳️‍🌈

homossexuais marcados pelo triângulo rosa
Durante o holocausto os homossexuais foram perseguidos e enviados aos campos de concentração. Para identificá-los os nazistas utilizavam um triângulo rosa, que mais tarde se transformou em um símbolo de resistência.

Durante o terceiro Reich, os nazistas acreditavam que iriam colocar um fim a homossexualidade e trazer de volta os bons costumes. Dentre os grandes medos dos nazistas estavam os fatores que poderiam diminuir a perpetuação da raça ariana, e os gays eram vistos como homens fracos e incapazes de gerar filhos a naçãoà nação alemã. Os homossexuais foram então perseguidos e enviados à camposa campos de concentração, onde eram marcados com um triângulo rosa. Assim, após o holocausto, por muito tempo o triângulo rosa foi adotado como um símbolo de resistência dessa comunidade.

A ideia de substituir o elemento partiu do ativista e político Harvey Milk, que contatou o designer e drag queen Gilbert Baker para executar a missão. Harvey queria criar um elemento que transmitisse um sentimento mais positivo, que propagasse amor e liberdade. Ele pensou então em fazer uma bandeira, já que bandeiras tem o intuito de transmitir uma forte mensagem. Para ele, uma bandeira de arco-íris seria um modo de transmitir a diversidade e representar todos os grupos da comunidade em uma única imagem. Desde que ganhou as ruas em 1978 a bandeira do arco-íris é um símbolo universalmente conhecido na luta dos direitos LGBT+.

Respeite o arco-íris! Diga não ao preconceito! 🏳️‍🌈

expressões preconceituosas contra a comunidade lgbt+

Muitos termos no cotidiano são preconceituosos em relação a comunidade LGBT+, e ao dizê-los, perpetua-se a disseminação da desinformação e ódio. Para te ajudar, construímos um pequeno glossário de termos para você abolir do seu dia a dia. Não vacile! Entre as próprias pessoas da comunidade LGBT+, são utilizados em tom de brincadeira, sem o intuito de agredir, mas quando ditos por alguém que não faz parte do meio, são termos preconceituosos e ofensivos. Confira a seguir quais são eles:

Opção sexual 

Parece confuso, mas vamos te explicar. Opção sexual denota que a pessoa tem a possibilidade de escolher a própria sexualidade, quando na verdade isso é inerente ao indivíduo. O certo, nesse caso, é utilizar o termo orientação sexual.

Substitua ‘opção sexual’ por orientação sexual.

Homossexualismo

O sufixo ismo, na língua portuguesa, é acrescentado em nome de doenças, e por muito tempo a homossexualidade foi tratada como uma doença, até ser removida da classificação de distúrbios mentais pela Organização Mundial de Saúde. O correto é utilizar o termo homossexualidade, já que o sufixo dade expressa ideia de estado e situação.

Substitua ‘homossexualismo’ por homossexualidade.

Viado ou veado

Não se sabe ao certo a origem do termo. Alguns teorizam que ‘viado’ seja a abreviação de ‘transviado’ ou ‘desviado’. Já veado faria referência ao mamífero dócil, delicado e tímido que leva esse nome. Ambos são modos pejorativos de se referir a gays.

Substitua ‘viado ou veado’ por gay.

Sapatão

O uso do termo ‘Maria Sapatão’ para se referir a uma pessoa lésbica se originou em 1970 em referência a mulheres que preferiam utilizar sapatos masculinos ao invés dos delicados calçados femininos. O termo é pejorativo e ainda dá a entender que uma pessoa lésbica sempre terá trejeitos masculinizados, o que é um estereótipo incorreto.

Substitua ‘sapatão’ por lésbica.

Bicha

Algumas teorias tentam explicar o uso do termo. Em francês, ‘biche’ faz referência a corça, fêmea do mamífero veado, e bicha seria então um trocadilho com o termo francês. Na França ‘biche’ também era utilizado como um termo afetuoso para se referir a uma jovem mulher, ou também poderia ser também sinônimo de prostituta. De modo geral, independente da origem, o termo se refere a algo feminino. O termo no Brasil começou a ser dito de forma pejorativa por machistas.

Substitua ‘bicha’ por homossexual.

Traveco

O termo ‘traveco’ utilizado para se referir a uma pessoa transsexual é pejorativo, já que o sufixo eco denota algo negativo. O correto é dizer o termo travesti ou transsexual.

Substitua ‘traveco’ por travesti.

Afeminado

O termo afeminado ofende a dois grupos, o das mulheres e dos gays, que são chamados de afeminados com o intuito de estigmatizar o grupo, dando a entender que são menos homens devido a sua orientação sexual.

Substitua ‘afeminado’ por gay.

 🏳️‍🌈 Se você gostou do tema, leia também: O que significa a sigla LGBTQIAPN+?

O grupo ainda sofre preconceito, e atos de ódio e discriminação contra pessoas LGBT+ ainda acontecem, mesmo em países mais desenvolvidos e com políticas de direitos humanos mais efetivas.

O dia internacional do orgulho LGBT+ é essencial para parabenizar a luta incansável que que tem aos poucos garantido mais direitos a esta população, e também para dar visibilidade ao movimento e garantir que pessoas LGBT+ oprimidas conquistem o seu devido reconhecimento. Vamos ‘todes juntxs’!

Dia Internacional do Orgulho LGBT+

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